O dia 9 de maio de 2020 entrou para a história do casal Sérgio Danilas, 68 anos, e Maria Auxiliadora Villar Castanheira, 60 anos. A data marcou o início de uma nova vida para os ex-jogadores de vôlei pela Seleção Brasileira e atletas olímpicos. Foi neste dia que eles colocaram pela primeira vez o veleiro Ictus na água, na sede da Marina Itajaí, no litoral de Santa Catarina, onde pretendem morar o resto de suas vidas.
O Ictus não é um veleiro convencional. Ele foi construído a quatro mãos durante 11 anos. Tudo começou há cerca de 22 anos com um desejo de Sérgio, que sonhava com a vida de velejador.
“Depois de alguns anos velejando eu tive a certeza de que queria ter meu próprio barco. Só que não dava para comprar porque os veleiros têm um custo muito alto, principalmente por conta da mão de obra. A solução foi fazer um”, conta Sérgio.
E foi dentro de um galpão em Curitiba, há 11 anos, que Sérgio iniciou a obra com a ajuda de Dôra, na época, já haviam se aposentado dos jogos de vôlei e exerciam outras atividades profissionais. Nos primeiros anos da construção, Sérgio revezava entre o trabalho como químico e a construção do barco. A esposa Dôra conciliava as tarefas do barco com os trabalhos em um projeto social que exercia junto ao ex-técnico Bernardinho. Mas, nos últimos cinco anos, resolveram se dedicar exclusivamente ao veleiro, que foi concluído recentemente.
“Quando o veleiro estava praticamente pronto, foi um alívio. Estava na hora de colocar o barco na água. Às vésperas de nossas aposentadorias avaliamos morar no barco e a Dôra abraçou essa ideia”, diz Sérgio.
O casal, que morava na capital paranaense, escolheu como quintal de casa a Baía Afonso Wippel, na Marina Itajaí. No dia 17 de março, o Ictus saiu de Curitiba rumo a Itajaí, em Santa Catarina. Como foi no período de isolamento social por conta da pandemia, o barco ficou parado na marina até abril, quando o casal retomou os serviços que faltavam e em 9 de maio, finalmente, colocou o veleiro na água. É no Ictus, desde então, o novo endereço de Sérgio e Dôra.
Conheça o veleiro Ictus
O Ictus foi projetado por Roberto Barros. Ele tem 40 pés – 12,3 metros de comprimento – três quartos, dois banheiros, sala, cozinha e espaço externo para refeição e lazer. Mas há características que o diferenciam dos veleiros tradicionais e produzidos em estaleiros.
Para começar, é feito de sanduíche de fibra de vidro – duas camadas de fibra de vidro e o interior com uma chapa de polipropileno em forma de colmeia. Esse material faz com que o barco fique mais leve, porém, resistente.
Outra característica é que o veleiro possui motor elétrico, e não motor a diesel. O sistema híbrido, com bateria e gerador, move o motor, além de garantir energia elétrica para outros utensílios do barco como micro-ondas, aquecedor de água, fogão e forno elétrico.
“Procuramos fazer um barco o mais confortável possível para morar. Ele tem o conforto de uma casa, mas não o espaço de uma casa, porque aqui é tudo apertadinho. Também não é um barco luxuoso, pois foi feito por amadores, a mão, mas a nossa preocupação sempre foi em ser um veleiro seguro, confiável, confortável e ter tudo o que precisamos para viver nele”, diz Sérgio.
Expedição Ictus
O veleiro, que ganhou o nome Ictus, que vem do grego e significa peixe, vai ter sua história contada pelas palavras de Dôra Castanheira. A Expedição Ictus vai revelar todos os detalhes e encantos desse projeto de vida, sonhado e idealizado pelo casal. O material será disponibilizado, em breve, em um site.
“Eu acho muito bacana essa história do Sérgio, o sonho sendo realizado e eu poder compartilhar. No mundo são poucos os que fizeram seu próprio barco, ainda mais deste porte. Deixou de ser um hobby e virou um projeto de vida, por isso, temos que contar essa história de amor a um ideal”, revela Dôra.
A intenção do casal também é, assim que possível, velejar pela costa catarinense e, quem sabe, para mais longe, além de desenvolver projetos sociais ligados ao esporte e ao meio ambiente.
“Expedição Ictus significa ampliar horizontes, no sentido de conhecer pessoas e lugares. Mas não construímos um barco apenas para passear e morar, queremos contribuir para melhorar o mundo. Iniciamos uma nova etapa da vida, depois dos 60 estamos com todo o ‘gás’, com energia para realizar”, conclui Dôra.
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